Thursday, October 26, 2006

O que te impede?

A tristeza na poesia encosta
A alegria com o pranto se junta
O silencio te safa da resposta
Mas não me cala a pergunta

O que te impede?

A tristeza, como sempre
Abala o sono de minha inspiração
Que acorda, grita e treme
Escrever é minha libertação

Por que não me pede?

Eu não escrevo por ser triste
Escrevo porque a poesia me inunda
A tristeza é covarde
E essa covardia me assusta

Tuesday, October 24, 2006

Do que eu falo, o que eu escrevo...

Falo de amor como quem canta uma canção
Tem sentimento, mas não faz sentido
Falo de amor, porque amo, mesmo sem razão
Tenho a loucura, de quem vive mentindo

Mentido sobre a felicidade

Falo de amor e de sofrimento
Porque um só existe pelo outro
Confundo loucura, e ternura
Prefiro dizer que rio, escrever que sofro
Falo de amor, e finjo que não amo

Não amo a mim mesmo

Sou uma pobre tola
Fico rindo pra tentar esconder
O sofrimento de uma vida toda...

Monday, October 23, 2006

Confissões a um anjo sem vergonha

Não sou poeta, sou poesia
mil significados distintos
mas sempre a mesma poesia
única, intensa, livre
livre das suas sombras
fantasmas, palavras mal escritas
De quem é pobre
não é prosa
muito menos poesia
é vernáculo de dicionário
sem lirismo, sem métrica
texto de anúncio
Que te convence.
E me vence
De que adianta minha rima perfeita?
Se é tristeza que vende jornais?

Friday, October 20, 2006

Vamos fugir numa manhã de sábado

Podemos ir para o céu
Nos afundar no inferno
Ou ficarmos aqui mesmo
Refugiados no seu quarto
Não é um grande plano,
Mas só de fugir daqui
Por um instante só
Escapar da melancolia
Que se instalou em mim
Voltar a ser criança
Brincar na sua retina
Me esconder na sua alma
Correríamos o dia todo
Até eu voltar a ser anjo
Adormecer nos seus ombros
Viver os seus sonhos
Acertar seus enganos

Thursday, October 19, 2006

Atravesso a noite
como um verso irresoluto
Verdade insolúvel
Destino incontestável

Visto a alma de preto

Atravesso a noite
Feito as viúvas de luto
Pela morte das palavras
Ausência de minha inspiração

Esqueço as mentiras

Sou um verso irresoluto...
Um verbo inconjugável
Uma verdade incontestável
Uma versão destorcida da história

Não existe verdade

Atravesso a noite
Vestida com meu desejo
Que brota de meu cerne
Que pende e depende

Amanhecerá logo?

Atravesso a noite
Na esperança que amanheça
Para que finalmente
Eu possa repousar

Descanso eterno não é a morte

Monday, October 09, 2006

Ela disse:
- Sou do estranho mundo das coisas belas.
As palavras dela o afogaram
as coisas belas são flutuantes
carregadas de suspiros
discursos vazios, desinteressantes
as nuvens de dissiparam...
Acabou
o mundo, a vida, a alegria
nada disso é suficiente!
Um mundo não basta,
a quem quer todos os mundos!
Uma vida não é suficiente,
Pra quem não sabe vivê-la!
A alegria é angústia,
pra quem não sabe ser feliz!
As palavras dela o afogaram
os sorrisos dela acabaram.
Ele a veria sorrir novamente?
- Não! - Ele disse:
Sou do estranho mundo das coisas tristes...